02/04/2015

A construção de Gondolin - A Rocha Oculta

"Se relatou como, com a orientação de Ulmo, Turgon de Nevrast descobriu o vale oculto de Tumladen; e este (como mais tarde se soube) ficava a leste do curso superior do Sirion, num círculo de montanhas altas e escarpadas, aonde não chegava nenhum ser vivo à exceção das águias de Thorondor. Existia, porém, um caminho nas profundezas, por baixo das montanhas, escavado nas trevas do mundo, por águas que fluíam para se juntar à correnteza do Sirion. E esse caminho Turgon descobriu, e chegou assim à verde planície em meio às montanhas, e viu a colina-ilha de pedra dura e lisa que ficava ali; pois o vale havia sido outrora um lago enorme. Turgon soube, então, que havia encontrado o local de seus desejos, e decidiu construir ali uma bela cidade, um monumento em memória de Tirion sobre Túna. Voltou porém a Nevrast e lá permaneceu sossegado, embora sempre pensando num modo de realizar seu projeto.
Ora, depois da Dagor Aglareb, a inquietação que Ulmo instilara em seu coração lhe voltou, e Turgon convocou muitos dos mais resistentes e mais habilidosos de seu povo, levou-os em segredo para o vale oculto, e ali começaram a construção da cidade que Turgon havia imaginado. Montaram também guarda em toda a sua volta, para que ninguém que viesse de fora pudesse deparar com seu trabalho, e o poder de Ulmo que corria nas águas do Sirion os protegia. Turgon, porém, ainda residia na maior parte do tempo em Nevrast, até que afinal a cidade ficou pronta, após cinquenta e dois anos de faina em segredo. Diz-se que Turgon a denominou Ondolindë, na fala dos elfos de Valinor, a Rocha da Música da Água, pois havia nascentes na colina; mas no idioma sindarin o nome foi mudado, tornando-se Gondolin, a Rocha Oculta. Preparou-se então Turgon para partir de Nevrast e abandonar seus palácios em Vinyamar à beira-mar. E ali Ulmo mais uma vez veio até ele e lhe falou.
- Agora irás finalmente para Gondolin, Turgon; e manterei meu poder sobre o Vale do Sirion, e sobre todas as águas que existem ali, para que ninguém se dê conta de tuda viagem. Ninguém tampouco encontrará a entrada secreta contra a tua vontade. De todos os reinos eldalië, Gondolin será o que resistirá  mais tempo a  Melkor. Não tenhas, porém, amor em excesso pela obra de tuas mãos e pelas invensões de teu coração. Lembra-te que a verdadeira esperança dos noldor está no oeste e vem do Mar. (...)
(...) Por muitos e muitos anos, dali em diante, ninguém entrou nesse lugar, à exceção de Húrin e Huor. E o povo de Turgon nunca masi voltou a sair até o Ano da Lamentação, mais de trezentos e cinquenta anos depois. Contudo,  por trás do círculo das montanhas, o povo de Turgon cresceu e  prosperou. E dedicavam seus talentos ao trabalho incessante, de tal modo que Gondolin sobre o Amon Gwareth se tornou realmente bela e digna de ser comparada até mesmo à Tirion élfica, do outro lado do mar.
Altas e brancas eram eram suas muralhas; bem-feitas, suas escadarias; e forte e elevada, a Torre do Rei. Dali, jorravam fontes cintilantes, e nos pátios de Turgon havia imagens das Árvores de outrora que o próprio Turgon criara com sua habilidade de elfo.
E a árvore que ele fez de ouro chamava-se Glingal; e a árvore cujas flores ele fez de prata chamava-se Belthil. (...)"  



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