27/09/2014

Canção dos Anões.

"A escuridão toda encheu a sala, o fogo se extinguiu, as sombras se perderam e, ainda assim, continuaram tocando. E, de repente, primeiro um, e depois outro, começaram a cantar enquanto tocavam, o canto grave dos anões das profundezas de seus antigos lares; e este é como um fragmento de suas canções sem a sua música.

"Para além da montanhas nebulosas, frias,
Adentrando cavernas, calabouços cravados,
Devemos partir antes de o sol surgir,
Em busca do pálido ouro encantado.

Operavam encantos anões de outrora,
Ao som do martelo qual sino a soar
Na profundeza onde dorme a incerteza,
Em antros vazios sob penhascos do mar.

Para o antigo rei e seu elfo senhor
Criaram tesouros de grã nomeada;
As pedras plasmaram, a luz captaram
Prendendo-a nas gemas do punho da espada.

Em colares de prata eles juntaram
Estrelas floridas; fizeram coroas
De fogo-dragão e no mesmo cordão
Fundiram a luz do sol e da lua.

Para além das montanhas nebulosas, frias,
Adentrando cavernas, calabouços perdidos,
Devemos partir antes de o sol surgir
Buscando tesouros a muito esquecido.

Para seu uso taças foram talhadas
E harpas de ouro. Onde ninguém mora
Jazeram perdidas e suas cantigas
Por homens e elfos não foram ouvidas.

Zumbiram pinheiroS sobre a montanha,
Uivaram os ventos em noites azuis.
O fogo vermelho queimava parelho,
As árvores-tochas em fachos de luz.

Tocaram os sinos chovendo no vale,
Erguiam-se pálidos rostos ansiosos;
Os anões ouviram a marcha final.
Fugiram do abrigo achando o inimigo
E sob seus pés a morte ao luar.

Para além das montanhas nebulosas, frias,
Adentrando cavernas, calabouços perdidos
Devemos partir antes de o sol surgir,
Buscando tesouros há muito esquecidos."

O Hobbit, Uma Festa Inesperada, páginas 13/14.

#NazgulH