16/01/2015

A História de Arwen e Aragorn – Parte I


  “Arador era o avô do Rei. Seu filho Arathorn pediu em casamento Gilrean, a Bela, filha de Dírhael, que por sua vez era um descendente de Aranarth. A esse casamento Dírhael se opunha, pois Gilrean era jovem e ainda não atingira a idade na qual as mulheres dos dúnedain estavam acostumadas a se casar.

  Além do mais – dizia ele –, Arathorn é um homem austero e já adulto, e será líder antes do que se espera; apesar disso, meu coração pressente que sua vida será curta.
Mas Ivorwenm sua esposa, que também tinha poderes de previsão, respondeu: - Maior razão para a pressa! Os dias estão ficando escuros e trazem tempestade, e grandes coisas acontecerão. Se esses dois se casarem agora, pode ser que a esperança nasça para o nosso povo; mas, se demorarem, a esperança não virá enquanto durar esta era.
  E aconteceu que, apenas um ano após o casamento de Arathorn e Gilrean, Arador foi capturado e morto por trolls das colinas nos Morros Frios, ao norte de Valfenda; Arathorn portanto tornou-se líder dos dúnedain. No ano seguinte Gilrean lhe deu um filho, a quem foi dado o nome de Aragorn. Mas Aragorn tinha apenas dois anos quando Arathorn saiu cavalgando num ataque contra os orcs, acompanhado dos filhos de Elrond, e foi abatido por uma flecha-orc, que lhe perfurou o olho. E dessa forma ele realmente viveu pouco para alguém de sua raça, tendo apenas sessenta anos quando tombou. ”

_Apêndice V, O Senhor dos Anéis

  Após a morte de seu pai, Aragorn o Herdeiro de Isildur, passou a morar com a mãe em Valfenda, e Elrond amou-o como filho. Seu nome verdadeiro e sua linhagem lhes foram omitidas por um longo tempo, e passou a ser chamado de “Estel” que significa esperança. Todo o cuidado possível, pois o Inimigo vasculhava cada canto da Terra-média á procura do Herdeiro de Isildur.
  Um dia quando Estel voltava a Valfenda após ter realizado grandes feitos na companhia dos Filhos de Elrond, apesar de muito novo (apenas vinte anos), Elrond viu nele grande beleza e nobreza, e nesse dia, chamou-o por seu verdadeiro nome e revelou sua história.
  Entregou-lhe o Anel de Barahir e os fragmentos de Narsil, revelou-lhe que seria um homem de grandes feitos e viverá muito para sua linhagem. Mas não entregou-lhe o Cetro de Annúminas, pois este Aragorn devia fazer por merecer. 

  “No dia seguinte, ao pôr-do-sol, Aragorn caminhava sozinho na floresta; seu coração estava leva e cantava, pois sentia-se cheio de esperanças e o mundo era belo. E de repente, no momento em que cantava, viu uma donzela
Arwen e Aragorn
caminhando num gramado por entre os troncos brancos das bétulas; parou então assustado, pensando que se tinha perdido num sonho, ou então que recebera a dádiva dos menestréis-élficos, capazes de fazer com que as coisas por eles cantadas apareçam diante dos olhos de quem os escuta.
  “Na verdade Aragorn estivera cantando uma parte da Balada de Lúthien, que conta sobre o encontro de Lúthien e Beren na Floresta de Neldoreth. E eis que Lúthien estava ali, caminhando diante de seus olhos em Valfenda, vestindo um manto prata e azul, bela como o crepúsculo em Casadelfos; seus cabelos escuros esvoaçavam num vento repentino, e sua fronte estava cingida com pedras que pareciam estrelas.
  “Por um momento Aragorn observou em silêncio, mas, temendo que ela fugisse e nunca mais aparecesse, chamou-a, gritando, ‘Tinúviel, Tinúviel! ’, da mesma forma que Beren fizera nos Dias Antigos, muito tempo atrás.
  “Então a donzela virou-se para ele e sorriu, dizendo: - Quem é você? E por que me chama por esse nome?
“E ele respondeu: - Porque achei que você fosse realmente Lúthien Tinúviel, sobre quem eu estava cantando. Mas, se você não for ela, então você caminha na imagem dela.
  - Muitos já disseram isso – respondeu ela num tom grave. – Mas o nome dela não é o meu. Embora talvez nossos destinos não sejam diferentes. Mas quem é você?
  “- Estel era meu nome – disse ele –, mas sou Aragorn, filho de Arathorn, Herdeiro de Isildur, Senhor dos Dúnedain. – Mas no momento em que falava ele sentiu sua alta linhagem, que lhe trouxera alegria ao coração, valia agora pouca coisa, e não era nada em comparação á dignidade e beleza dela.
  “Mas ela riu com alegria, e disse: - Então somos parentes distantes. Pois eu sou Arwen, filha de Elrond, e também me chamo Undómiel.
  “- Frequentemente se observa – disse Aragorn – que em tempos perigosos os homens escondem seu principal tesouro. Mas mesmo assim surpreendo-me com Elrond e com seus irmãos, pois, embora tenha vivido nesta casa desde a infância, nunca ouvi falar de você. Como será que nunca nos encontramos antes? Com certeza seu pai não a trancou junto com seu tesouro?
  “Não – disse ela, erguendo os olhos para as Montanhas que assomavam no leste. – Morei um tempo na terra dos parentes de minha mãe, em Lothlórien. Faz pouco tempo que retornei para visitar meu pai outra vez. Já faz alguns anos que não caminho em Imladris.
  “Então Aragorn ficou surpreso, pois ela não parecia mais velha do que ele, que por seu vez ainda não vivera muito mais que vinte anos na Terra-média. Mas Arwen olhou em seus olhos e disse: - Não fique admirado! Os filhos de Elrond têm a vida dos eldar.
  “Então Aragorn ficou consternado, pois viu nos olhos dela a luz élfica e a sabedoria de muitos dias; mas daquela hora em diante amou Arwen Undómiel, filha de Elrond.”

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