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Para sua plena compreensão, esta
história depende de uma narrativa dada no Apêndice A (III, O Povo de Durin) do
Senhor dos Anéis, da qual este é um resumo:
Os anões Thrór e seu filho Thráin
(juntamente com Thorin, filho de Thráin, mais tarde chamado de Escudo de
Carvalho) escaparam da Montanha Solitária (Erebor) por uma porta secreta quando
o dragão Smaug desceu sobre ela. Thrór retornou a Moria depois de dar a Thráin
o último dos Sete Anéis dos Anões, e ali foi morto pelo orc Azog, que marcou
seu nome a fogo na fronte de Thrór. Foi isso que levou à Guerra dos Anões e dos
Orcs, que terminou na Grande Batalha de Azanulbizar (Nanduhirion) diante do
portão Leste de Moria no ano de 2799. Mais tarde Thráin e Thorin Escudo de
Carvalho moraram em Ered Luin, mas no ano de 2841 Thráin partiu de lá para
voltar à Montanha Solitária. Enquanto vagava nas terras a leste do Anduin, ele
foi capturado e aprisionado em Dol Guldur, onde o anel lhe foi tomado. Em 2850
Gandalf penetrou em Dol Guldur e descobriu que seu senhor era de fato Sauron; e
lá topou com Thráin antes que ele morresse.
(...)
Não encontrei nenhum escrito que
preceda as palavras iniciais do texto presente (“Naquele dia ele nada mais quis
dizer”). O “ele” da frase inicial é Gandalf; “nós” são Frodo, Peregrin,
Meriadoc e Gimli; e “eu” é Frodo, que registra a conversa; o cenário é uma casa
em Minas Tirith, depois da coroação do Rei Elessar (vide p. 358).
Naquele dia ele nada mais quis
dizer. Porém mais tarde voltamos ao assunto, e ele nos contou toda a estranha
história; como chegou a arranjar a viagem a Erebor, por que pensou em Bilbo, e
como persuadiu o altivo Thorin Escudo de Carvalho a admiti-lo em sua companhia.
Agora não consigo me lembrar de toda a história, mas deduzimos que no começo
Gandalf estava pensando apenas na defesa do Oeste contra a Sombra.
- Eu estava muito perturbado naquela época –
disse –, pois Saruman estava impedindo todos os meus planos. Eu sabia que
Sauron se erguera de novo e logo iria declarar-se, e sabia que ele se preparava
para uma Grande Guerra. Como começaria? Tentaria primeiro reocupar Mordor, ou
primeiro atacaria as principais fortalezas de seus inimigos? Pensei na época, e
agora tenho certeza disso, que atacar Lórien e Valfenda, assim que estivesse
forte o bastante, era seu plano original. Teria sido um plano muito melhor para
ele, e muito pior para nós.
“Vocês podem pensar que Valfenda
estava fora de seu alcance, mas eu não pensava assim. O estado de coisas no
norte estava muito ruim. O Reino sob a Montanha e os fortes homens de Valle não
existiam mais. Para resistir a qualquer tropa que Sauron pudesse enviar para
recuperar as passagens do Norte nas montanhas e as antigas terras de Angmar,
havia apenas os anões das Colinas de Ferro, e atrás deles estendia-se uma
desolação e um Dragão. O Dragão poderia ser usado por Sauron com efeito
terrível. Muitas vezes disse para mim mesmo: ‘Preciso encontrar algum meio de
lidar com Smaug. Mas um golpe direto contra Dol Guldur é ainda mais necessário.
Temos que perturbar os planos de Sauron. Tenho que fazer o Conselho enxergar
isso.’
“Estes eram meus pensamentos
sombrios enquanto eu seguia pela estrada. Estava cansado, e ia ao Condado para
um breve descanso, depois de ter passado mais de vinte anos longe de lá.
Pensava que, se eu as tirasse da cabeça por algum tempo, eu talvez pudesse
achar algum modo de lidar com essas preocupações. E de fato foi o que fiz,
porém não me foi permitido tirá-las da cabeça.
“Pois exatamente quando eu me
aproximava de Bri fui alcançado por Thorin Escudo de Carvalho, que então vivia
no exílio além da fronteira noroeste do Condado. Para minha surpresa ele falou
comigo; e foi nesse momento que a maré começou a virar.
“Ele também estava preocupado,
tanto que chegou a pedir meu conselho. Assim, fui com ele até os salões das
Montanhas Azuis e escutei sua longa história. Logo compreendi que seu coração
estava agitado de tanto remoer injustiças sofridas e a perda do tesouro de seus
ancestrais, além de estar também sobrecarregado com o dever da vingança contra
Smaug, que ele herdara. Os anões levam tais deveres muito a sério.”
_ Contos Inacabados – Terceira
Parte: a Terceira Era – A Busca de Erebor, p. 348
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