13/01/2015

Os Presentes do Papai Noel - As Crônicas de Nárnia

Sei que o Natal já passou a algum tempo, mas esta é uma de minha partes favoritas no livro As Crônicas de Nárnia e gostaria de escrevê-la a vocês. Relembrem essa maravilhosa história:

"(...) Era um trenó puxado por duas renas, com sinetas tilintando nos arreios. Renas muito maiores que as da feiticeira, mas eram castanhas, e não brancas. No trenó estava alguém que todos reconheceram à primeira vista. Era um homem alto, vestido de vermelho-vivo como as bagas do azevinho, com capuz forrado de pele, uma barba branca, tão comprida que lhe cobria o peito como uma queda-d'água espumante. Todos o reconheceram porque, embora essas pessoas só existam em Nárnia, podemos vê-las em gravuras e ouvir a respeito delas, mesmo em nosso mundo - o mundo que fica do lado de cá da porta do guarda-roupa. Oh! Mas quando se tem a sorte de ver essa gente em Nárnia é muito diferente! Alguns dos postais coloridos de Papai Noel que podemos ver em nosso mundo mostram um velho engraçado e bonachão. Não era bem assim para as crianças. Era tão grande, tão alegra e tão real, que ficaram paralisadas de espanto. E, apesar de todo o contentamento, sentiam também que era um momento solene.
  - Aqui estou, afinal! - disse ele. - Ela me impediu de vir durante muito tempo, mas acabei chegando. Aslam está a caminho. O poder mágico da feiticeira já começou a declinar.
  Lúcia sentiu-se percorrida por aquele calafrio de alegria que só sentimos nas solenidades imponentes e tranquilas.
  - E agora - prosseguiu Papai Noel - vamos aos presentes! Aqui está uma máquina de costura nova, último modelo, para a Sra. Castor. Vou deixá-la na casa, quando passar por lá.
  - Queira desculpar - disse ela, fazendo uma reverência -, mas a casa está fechada.
  - Fechaduras e chaves não têm a menor importância para mim - respondeu Papai Noel. - Quanto ao seu presente, Sr. Castor, quando voltar, vai encontrar o dique terminado, consertado em todos os pontos onde vazava água, e, além disso, uma comporta novinha em folha.
  O Sr. Castor ficou tão alegre que sua boca se abriu totalmente, mas então ele descobriu que não conseguia dizer uma palavra.
  - Pedro, Filho de Adão - continuou Papai Noel.
  - Presente! - disse Pedro.
  - Presentes para você. São ferramentas, e não brinquedos. Talvez não esteja tão longe o dia em que precisarão usá-las. Com honra!
  E entregou a Pedro um escudo e uma espada. O escudo era cor de prata, com um leão rubro no centro, lustroso como um morango pronto para ser colhido. A espada tinha punho de ouro, bainha, cinto, tudo, e parecia feita sob medida. Pedro recebeu os presentes em grave silêncio, sentindo que se tratava de uma coisa muito séria.
  - Susana, Filha de Eva! Isto é para você. - E Papai Noel entregou-lhe um arco, uma aljava cheia de setas e uma trompazinha de marfim. - Só deve usar o arco em grande risco,pois não quero que você tome parte ativa na luta. Raras vezes falha o alvo. Quanto à trompa,é só levá-la aos lábios e tocar: auxílio lhe virá de alguma parte.
  - Lúcia, Filha de Eva! - Papai Noel estendeu-lhe uma garrafinha, que parecia de vidro (houve mais tarde quem dissesse que era de diamante) e um punhal muito pequeno. - Essa garrafa contém um tônico feito do suco de uma flor de fogo que cresce nas montanhas do sol. Se uma amigo estiver ferido, bastam algumas gotas para curá-lo. O punhal é para a sua defesa, em caso de extrema necessidade. Porque você também não deve entrar na luta.
  - Por que não, meu senhor? - disse Lúcia. - Acho que... bem, não sei... mas acho que eu era capaz de não ter medo!
  - O problema não é esse. É que as batalhas são mais feias quando as mulheres tomam parte nelas. E agora - continuou, com uma expressão muito menos solene -, agora aqui está para vocês todos!...
  E Papai Noel apresentou-lhes (deve ter tirado do grande saco, mas a verdade é que ninguém deu por isso) uma enorme bandeja, com cinco taças de chá, com os respectivos pires, um açucareiro, uma tigelinha de creme de leite e uma grande chaleira ainda a chiar. E gritou em seguida:
  - Feliz Natal! Viva o Verdadeiro Rei! - Estalou o chicote e desapareceram, ele, as renas, o trenó, tudo, antes que os outros se dessem conta de que tinham ido embora. (...)"

As Crôncias de Nárnia, O Leão, a feiticeira e o guarda-roupa, capítulo X, pgs. 150, 151.
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Ilsutração: Livro

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