16/01/2015

Canção Fúnebre á Boromir

Ilustração de Ted Nasmith


"Por Rohan sobre o charco e campo aonde alta cresce a grama

O Vento Oeste vai voando e em torno aos muros clama.
- Que novas tu, ó Vento, vais à noite revelar?
Viste Boromir, o Alto, andando no luar?
- Por amplas águas sete rios escuros o vi descer;
Por terras ermas foi-se embora até desaparecer
Nas sombras que cobrem o norte. Não mais vi ao redor. 
O Vento Norte viu talvez o Filho de Denethor.
- Ó Boromir! Dos altos muros o oeste eu entrevi,
Mas da região de homens deserta voltar eu não te vi.

"Da boca do Mar, das pedras e dunas o Vento Sul voa;
Traz das gaivotas o lamento, e ao portão geme à toa.
- Que novas do sul, ó lamuriento, esta noite tu me dás?
Onde está o Belo Boromir? Demora e eu não tenho paz.~
- Onde ele mora não perguntes. Lá tantos ossos vão
Em praias brancas ou escuras sob tormentoso chão.
Desceram tantos o Anduin fluindo para o Mar.
O Vento Norte detém novas de que aqui vai passar.
- Ó Boromir! Além das portas ao sul a estrava investe,
Mas tu do Mar com as gaivotas chorosas não vieste.

"Dos portões reais o Vento Norte vem e as cataratas sobrevoa;
E claro e frio em torno à torre sua trompa alto ecoa.
- Que novas do norte, ó vento forte, me trazes nesta hora?
Que Boromir, o Ousado? Há tempos foi embora.
- No Amon Hen ouvi seu grito. Com muitos se bateu.
O seu broquel e sua espada o rio os recebeu.
A fronte alta, o rosto belo, o corpo ao rio doaram;
E Rauros, de ouro Cataratas, ao peito carregaram.
- A Torre da Guarda, ó Boromir, ao norte observará
As Cataratas de ouro, Rauros, até que o tempo findará."

Canção fúnebre de Aragorn e Legolas á Boromir. 
_As Duas Torre - Livro III - Capítulo I - A partida de Boromir, pg. 11


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