09/11/2014

O Desastre dos Campos de Lis – Parte III

Agora os orcs se aproximavam. Isildur voltou-se para seu escudeiro: - Ohtar, agora confio isto à sua guarda – disse, entregando-lhe a grande bainha e os fragmentos de Narsil, a espada de Elendil. – Salve-o da captura por todos os meios que puder encontrar e a qualquer custo; até mesmo ao custo de ser considerado um covarde que me desertou. Leve seu companheiro consigo e fuja! Vá! Eu lhe ordeno! – Então Ohtar ajoelhou-se e lhe beijou a mão, e os dois jovens fugiram, descendo ao vale escuro.
Se os orcs de visão aguçada perceberam sua fuga, não lhe deram importância. Detiveram-se brevemente, preparando seu ataque. Primeiro soltaram uma saraivada de flechas, e então, de súbito, com um grande grito, fizeram o que Isildur teria feito, e pela última encosta lançaram uma grande massa dos seus principais guerreiros contra os dúnedain, esperando romper seu muro de escudos. Mas este permaneceu firme. As flechas não haviam sido de nenhuma valia contra as armaduras númenorianas. Os homens imponentes elevavam-se acima dos orcs mais altos, e suas espadas e lanças alcançavam muito mais longe que as armas de seus inimigos. O ataque vacilou, rompeu-se e recuou, tendo causado poucos danos aos defensores, inabalados, por trás de montes de orcs tombados.
Pareceu a Isildur que o inimigo se retirava em direção à Floresta. Olhou para trás. A borda vermelha do sol brilhou de dentro das nuvens, enquanto mergulhava por trás das montanhas; logo cairia a noite. Deu ordens para retomar a marcha imediatamente, mas para desviar o trajeto em direção ao terreno mais baixo e plano, onde os orcs teriam menor vantagem. Talvez acreditasse que, depois de serem rechaçados com os danos, eles se retrairiam, apesar de seus batedores talvez os o seguirem durante a noite e vigiarem seu acampamento. Essa era a maneira dos orcs, que geralmente ficavam intimidados quando sua presa dava a volta e mordia.
Mas enganava-se. Não somente havia astúcia no ataque, mas também ódio feroz e implacável. Os Orcs das Montanhas eram obstinados e comandados por cruéis servos de Barad-dûr, enviados havia muito tempo para vigiarem as passagens; e, apesar de não o saberem, o Anel, cortado dois anos antes de sua mão negra, ainda estava carregado da vontade malévola de Sauron, e clamava por ajuda a todos os seus servos. Os dúnedain mal haviam avançado uma milha quando os orcs se moveram novamente. Dessa vez não investiram, mas usaram todas as suas forças. Desceram em ampla frente, que se alinhou em meia-lua e logo e logo fechou uma roda ininterrupta em volta dos dúnedain. Agora estavam em silêncio e se mantinham a uma distância fora do alcance dos temidos arcos de aço de Númenor, apesar de a luz estar diminuindo depressa e Isildur ter muito menos arqueiros do que precisava. Ele se deteve.

- Contos Inacabados – Terceira Parte: a Terceira Era – O Desastre dos Campos de Lis

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